sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A conta de luz deve continuar pesando no bolso dos consumidores brasileiros até dezembro


A bandeira vermelha nas contas de luz deverá continuar pesando no bolso dos consumidores até o fim do ano. A previsão foi feita pelo diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Setor Elétrico), Luiz Eduardo Barata, ao explicar que as usinas termelétricas, que tem um custo de geração mais elevado, deverão continuar ligadas mesmo com o início do período chuvoso, a partir de novembro, devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.
“A definição das bandeiras tarifárias não é competência do ONS, mas acredito que a bandeira continuará vermelha até o fim do ano”, avaliou Barata.
A bandeira tarifária vermelha tem dois patamares. O patamar 1 significa que a cada 100 quilowatts/horas, o consumidor vai pagar R$ 3 a mais pelo serviço. O patamar 2 é de R$ 5 a mais pelo serviço a cada 100 quilowatt/hora.
De acordo com dados do ONS, o nível dos reservatórios das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% da energia consumida no país, estava em 25,72%, no dia sete de setembro. É o nível mais baixo desde janeiro, quando chegou a 25,48%. Já na Região Nordeste o nível está em 30,66%. Na Região Sul, é de 53,37%.
Investimento
A Eletrobras precisa investir mais R$ 10 bilhões por ano para manter a sua participação no mercado de geração e transmissão de energia no País. Hoje, a companhia aplica R$ 4 bilhões, e o ideal seriam R$ 14 bilhões. Para entrar dinheiro novo, é necessário capitalizar a empresa, passo que ocorreria com a privatização. A avaliação é do presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior. Anunciada pelo governo há quase um ano, a privatização da Eletrobras não vai sair em 2018, por falta de apoio político no Congresso.
“A Eletrobras precisa de novos projetos. Para novos projetos, precisa de recursos. Com R$ 4 bilhões, ela perde participação no mercado”, disse Ferreira. “O único meio de a companhia sustentar seu market-share são investimentos da ordem de R$ 14 bilhões, e não R$ 4 bilhões. Para ela ir por esse caminho, ela precisa se capitalizar.”
Privatização
Para ele, é “razoável” que a privatização da empresa seja decidida pelo próximo governo:
“A retomada desse projeto, se for do interesse, ocorrerá pelo novo governo. Eu acho bastante razoável. A vantagem do atraso é que vai permitir que seja sintonizado com o novo governo, que haverá de avaliar a proposta que nós fizemos para a companhia.”
Em cinco anos, a empresa deixará de investir R$ 50 bilhões, por falta de recursos próprios dos acionistas e por não conseguir financiamento nos bancos. A Eletrobras já reduziu sua participação no segmento de geração: ela baixou de 36% em 2011 para 31% cinco anos depois. A estatal é responsável por cerca de 45% do mercado de transmissão no País.
A dívida bruta da empresa hoje chega a R$ 45,5 bilhões, o que fez a estatal atrasar a entrega de empreendimentos e montar um plano de desinvestimentos que prevê a venda das distribuidoras de energia que operam no Norte e Nordeste.
Angra 3
O governo já abriu caminho para aumentar a tarifa da energia que será gerada por Angra 3, na tentativa de viabilizar a retomada das obras com a entrada de um investidor estrangeiro. A Eletrobras defende o aumento do preço, e garante que o consumidor sairá beneficiado.
“Para o consumidor, não importa se custa R$ 14 bilhões ou R$ 17 bilhões. Isso só importa para o investidor. Nós só temos benefício para o consumidor se a usina entrar. E, para a usina entrar, tem que colocar o preço correto”, afirma.
osul

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