Maior comprador de milho do país, Santa Catarina pensa em alternativas para abastecer o setor produtivo de carnes do estado. Com uma safra prevista em 2,4 milhões de toneladas de milho e um consumo de seis milhões de toneladas por ano, o agronegócio catarinense passa pelo maior déficit da história. Os caminhos para o abastecimento de milho em Santa Catarina foram o tema do Fórum Mais Milho, que reuniu lideranças do agronegócio, em Concórdia, nesta quarta-feira, dia 21.
A colheita catarinense de milho é esperada em 2,4 milhões de toneladas, uma queda de 20,4% em relação à última safra. A produção menor é explicada pela redução da área plantada combinada aos períodos de estiagem que comprometeram a produtividade das lavouras. Uma safra menor significa uma importação maior de milho, principalmente do Centro Oeste do país.
Segundo o secretário da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, produtores, indústrias e poder público já pensam em alternativas para abastecer o mercado catarinense, criando até uma rota em que o grão viria do Paraguai. “Santa Catarina é um grande consumidor de milho porque é um grande produtor de carnes. Nós criamos uma agroindústria forte e rica em um estado pequeno, onde os produtores aprenderam a diversificar a produção e com um status sanitário único no país, nós temos que lutar para mantermos essa característica de Santa Catarina. Um dos grandes desafios é o investimento em infraestrutura e o poder público deve ser um grande parceiro do agronegócio nesse sentido”.
É justamente a falta de infraestrutura que acaba prejudicando o agronegócio catarinense. No estado de Mato Grosso, principal fornecedor de milho para Santa Catarina, grande parte da colheita é exportada ao invés de abastecer o mercado interno. “O estado do Mato Grosso avançou muito na logística e hoje é muito mais fácil exportar do que abastecer o mercado interno. Por isso nós precisamos fazer um grande esforço das lideranças para que possamos pensar em uma logística de ferrovias e hidrovias”, afirma o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
Rota do Milho
Uma das alternativas para Santa Catarina é trazer milho do Paraguai. Uma nova rota ligando Paraguai a Dionísio Cerqueira pode fazer com que o frete diminua em até 70%. Caso a Rota do Milho se concretize, o milho estará a 354 km de Dionísio Cerqueira, onde já existe um serviço de aduana, e a 555 km de Chapecó, maior centro de consumo do grão em Santa Catarina. Quase metade do trajeto feito pelos caminhões que trazem milho do Mato Grosso, por exemplo. Santa Catarina já importa milho do Paraguai, porém em uma rota mais longa, passando por Foz do Iguaçu.
Redução na área plantada
Em Santa Catarina as lavouras destinadas à produção de milho grão estão sendo substituídas pela soja e pelo milho silagem – culturas mais rentáveis para os agricultores. De acordo com o secretário adjunto da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, a safra menor este ano pode ser uma grande oportunidade para os produtores. “Nós precisamos de alta produtividade por hectare. Em um estado onde milho e soja competem por espaço nas lavouras nós temos que pensar em milho com alta produtividade. Além disso, nós temos quase 200 mil hectares que podem ser incorporadas por lavouras, principalmente na Serra Catarina. Mas nós nunca seremos auto-suficientes na produção de milho. Enquanto nós tivermos sanidade, competência e possibilidade de competir no mercado internacional de carnes, nós teremos déficit na produção de milho”.
OESTEMAIS
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