segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ex-deputado confirma que ele e outros 33 parlamentares recebiam “mensalinho” de Blairo Maggi


Em depoimento à Justiça, o ex-presidente da ALMT (Assembleia Legislativa do Mato Grosso), José Geraldo Riva, confessou que recebia um “mensalinho” do governo do Estado. A propina, segundo ele, também foi recebida por outros 33 deputados para que votassem os projetos de interesse do Executivo. Riva foi ouvido na sexta-feira (31) pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, em uma ação que investiga o desvio de R$ 62 milhões da Casa de Leis, entre 2005 e 2009.
Ele deu detalhes de como funcionava o esquema. “Era uma mesada, na linguagem popular uma propina, que os deputados da bancada recebiam do governo”, afirmou. Inicialmente, segundo ele disse à Justiça, o valor era de R$ 15 mil, mas foi reajustado gradativamente e, por fim, era de aproximadamente R$ 25 mil.
No depoimento, Riva também disse que quando o Blairo Maggi, atualmente ministro da Agricultura, assumiu o governo do Estado, em 2003, teve um discurso duro em relação à Assembleia Legislativa, mas tinha uma bancada pequena, quatro ou cinco deputados. Numa ocasião, se reuniu com alguns deles e disse que não pagaria “mensalinho” algum, porém, depois acabou cedendo.
“Nessa reunião em que eu estava presente, ele [Maggi] disse eu não vou participar disso, não vou passar dinheiro, não vou passar nada por fora para deputado, mas depois ele sugeriu que uma forma que ele poderia fazer era a Assembleia fizesse o orçamento e, fora o suficiente para tocar a Assembleia, que ele estava disposto a passar um por fora, mas condicionando que fosse passado para todos os deputados”, contou.
Em nota, o ministro afirma que Riva sabia que ele tinha se recusado a participar de qualquer esquema de distribuição de propina a deputados. “Tenho a consciência tranquila, nada fiz de errado e tenho certeza de que isso será devidamente comprovado”, alega.
Riva afirmou que, quando algum deputado fazia uma crítica dura ao governo, o governador questionava se o parlamentar não estava recebendo. “Ele perguntava: Pô, você tem que conversar com o cara. Ele não está recebendo?!”, pontuou.
Segundo o ex-presidente da ALMT, o dinheiro do duodécimo, repassado pelo estado para os deputados, era desviado da compra de utensílios para o órgão. Era simulada a compra, mas os materiais não eram entregues.
Ele disse que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que está preso há mais de dois anos, também fez parte das fraudes. Na época, ele era deputado estadual e fazia a partilha do dinheiro desviado das licitações, conforme o ex-parlamentar.
“Todos sabiam tudo que acontecia, nenhum sabia mais ou menos que o outro, todos participavam. Nos últimos seis anos, eu não entreguei dinheiro para nenhum deputado, mas eu sabia que era entregue e como era entregue. Ninguém da Mesa Diretora assinava nada enganado. Essa era uma decisão tomada em colegiado”, relatou.
O ex-parlamentar também disse que Blairo Maggi teria participado da compra da vaga no Tribunal de Contas do Estado, que pertencia ao conselheiro Alencar Soares, em 2009. A aposentadoria de Alencar Soares foi antecipada para beneficiar o então deputado estadual Sérgio Ricardo. A vaga teria custada mais de R$ 2 milhões.
Sérgio Ricardo foi afastado recentemente do cargo e teve os bens bloqueados, assim como Maggi. (AG)
osul

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