sábado, 17 de março de 2018

O Ministério Público Federal enviou um ofício ao Ministério do Trabalho pedindo informações sobre o jovem que movimentava meio bilhão de reais em dinheiro público


O MPF (Ministério Público Federal) enviou ofício ao Ministério do Trabalho para que a pasta forneça cópias dos registros das funções desempenhadas pelo jovem Mikael Tavares Medeiros, de 19 anos, assim como de autorizações ou pagamentos feitos a fornecedores do ministério. O ofício foi enviado, na quinta-feira, pela Procuradoria da República no Distrito Federal, que planeja abrir um procedimento de investigação para apurar o caso. O ministério tem dez dias para responder ao pedido do MPF.
Uma reportagem do jornal O Globo revelou que Mikael – que tinha acabado de concluir o ensino médio, entrar na universidade e se afastado do trabalho de vendedor de óculos em uma loja – foi nomeado para o cargo de coordenador de documentação e informação da pasta, em outubro de 2017, apadrinhado pelo PTB, mais especificamente pelo líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO). Em 28 de dezembro, o jovem foi colocado na função de gestor financeiro dos atos de pagamentos de contratos na ordem de R$ 473 milhões por ano. No mesmo dia, à tarde, ele emitiu notas de pagamento no valor de R$ 27 milhões para a empresa B2T, cujos contratos foram superfaturados, segundo auditoria do Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU).
Depois da revelação da história, o ministro interino do Trabalho, Helton Yomura, demitiu Mikael do cargo. O jovem é filho do presidente do PTB em Planaltina de Goiás, o delegado da Polícia Civil Cristiomario de Sousa Medeiros. Ele é aliado de Jovair e pré-candidato a deputado estadual em Goiás.
Agora, o caso deve ser investigado pelo MPF no DF. A partir de uma notícia de fato que chegou à Procuradoria da República, de forma anônima, o MPF oficiou a pasta pedindo cópia dos assentamentos funcionais de Mikael no órgão. Esses assentamentos são registros da vida funcional do servidor, com registros de eventuais elogios ou sanções, por exemplo. O MPF também pediu cópia de todos os procedimentos administrativos em que o jovem atuou na coordenação de documentação e informação, assim como de autorizações ou pagamentos a fornecedores do ministério.
Além da auditoria da CGU, os contratos com a B2T para o desenvolvimento de atividades de combate a fraudes no seguro-desemprego – que somam R$ 76,7 milhões – são investigados pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União. Agora, o caso que envolve a nomeação de Mikael deve ser investigado pelo MPF.
“Amigos do futebol”
O sobrinho do deputado Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, levou sua turma de amigos do futebol em Goiânia para dentro do Ministério do Trabalho. Na pasta, são eles os responsáveis por gerenciar a liberação dos pagamentos e fiscalizar os repasses a uma empresa de tecnologia suspeita de superfaturar contratos.
Leonardo José Arantes chegou ao cargo de secretário de Políticas Públicas de Emprego em 2 de junho de 2016, com salário de R$ 16,2 mil, pelas mãos do tio — hoje o sobrinho acumula o cargo com o de secretário-executivo da pasta. Poucos dias depois, o secretário levou para Brasília três amigos de Goiânia, nomeados em funções comissionadas no ministério. Um é o gestor dos contratos com a empresa B2T, que fez os encaminhamentos para que uma nota fiscal de R$ 32,8 milhões fosse paga. Os outros dois são fiscais desses repasses. Todos são filiados ao PTB em Goiás.
osul

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