Pensado para ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano, mas adiado em razão da crise política, o lançamento do programa federal Agora, é Avançar, na quinta-feira, não trouxe surpresas, nem alcançou a repercussão esperada pelo Palácio do Planalto. Um dos motivos é a ausência de projetos novos. Além disso, obras já finalizadas ou praticamente prontas também foram incluídas, para surpresa de governantes das cidades mencionadas.
Um dos exemplos é a duplicação da BR-386. O Planalto anunciou genericamente aporte de recursos para serviços em 33 quilômetros da rodovia, entre Estrela e Tabaí. No entanto, a pista dupla já é realidade em 23 quilômetros na região, sendo que, desde 2014, nenhum trecho novo é liberado ao trânsito.
Nos 10 quilômetros onde ainda há obras, em Estrela, a conclusão deve ocorrer ao longo de 2018, e os R$ 36 milhões liberados neste ano são suficientes, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para finalizar o alargamento da rodovia. A cifra é maior do que a anunciada pelo governo na divulgação do programa (R$ 22,19 milhões), e o órgão não soube explicar a divergência.
Outro exemplo é a ampliação do Cais Público do Porto Novo de Rio Grande. Na lista do Agora, é Avançar, há a confirmação da liberação de R$ 22,84 milhões. A obra, porém, está prestes a ser inaugurada, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Iniciada há cerca de três anos, a intervenção possibilitou o aumento, de 400 metros para cerca de 1,5 mil metros, da área de chegada de navios de carga.
Além disso, o município foi citado entre as cidades para as quais seriam destinados investimentos regionais na área de petróleo. Mas apenas duas das quatro plataformas citadas seguem em construção no Estado – a P-74 e a P-75, que estão quase finalizadas. A P-67 foi encaminhada ainda em 2015 para conclusão na China, e a P-68 saiu do polo naval em dezembro de 2016.
Os dados anunciados foram recebidos com surpresa pelo prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT):
– Acho que, dentro do cenário que se tem, houve equívoco. Mas esperamos outros investimentos frente à crise considerável que estamos vivendo.
Piratini ainda corre atrás de informações
A Petrobras e o Ministério do Planejamento foram procurados para comentar a previsão dos investimentos na área de petróleo e gás, mas informaram que só irão se posicionar na próxima semana.
Em Passo Fundo, no norte do Estado, há outro empreendimento entre os já previstos e que foram reunidos no programa de Michel Temer. A assinatura do convênio com o governo federal para a ampliação do aeroporto da cidade conta com todas as condições legais, faltando apenas o prazo para o lançamento do edital de licitação. Com a obra estimada em R$ 43,7 milhões, o Planalto garantiu que serão liberados R$ 25,3 milhões até o final do próximo ano.
– A expectativa que temos é de que não seja só mais um anúncio. Agora, só depende do governo federal – relata o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo (PSB).
O anúncio do Agora, é Avançar também surpreendeu o governo do Estado. Na lista, há a previsão de liberação de recursos até o final de 2018 para 342 obras no Rio Grande do Sul com aporte de R$ 2,78 bilhões em investimentos diretos, mas a soma inclui dinheiro que já foi investido em 2017. Equipes das secretarias estaduais envolvidas nos projetos inseridos na lista passaram a sexta-feira atrás de explicações do Planalto.
– Muita gente tem nos perguntado, mas ainda não temos todas as informações – admite um interlocutor do Piratini.
O exemplo da BR-386
- 33 quilômetros é a extensão prevista no projeto original de duplicação
- 23 quilômetros já foram concluídos
- 10 quilômetros estão em obras, sendo que 20% do trecho está mais atrasado. Os recursos listados no plano como promessa, na verdade, já foram liberados este ano e são suficientes, segundo o Dnit, para finalizar a obra. A entrega, que estava prevista para ocorrer ainda em 2017, deve ficar para 2018.
gauchazh
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