quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Lista de repasses da Odebrecht estremece o meio político de SC


Buscas da Lava-Jato na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, encontraram documentos que apontam possíveis repasses da empresa para mais de 200 políticos. Como a relação cita nomes de SC, a repercussão no meio político foi imediata. A informação sobre a lista foi divulgada pelo Blog do Fernando Rodrigues, revelando o material apreendido pela PF em 22 de fevereiro. Os documentos foram liberados pela Justiça Federal de Curitiba. Ainda no início da tarde de quarta-feira, o juiz Sergio Moro decretou sigilo sobre a "superplanilha". Até então, os materiais estavam acessíveis mediante senha de acesso fornecida pela Justiça. 
As planilhas apresentam valores relacionados a nomes de políticos, alguns também identificados por apelidos. Apesar da listagem apontar valores, autoridades da Lava-Jato ressaltam que isso não significa que haja alguma ilegalidade nos eventuais repasses. O motivo do controle em planilhas e de eventuais pagamentos está sendo apurado pela força-tarefa da Lava-Jato. 
Na lista são citados os seguintes políticos catarinenses: Raimundo ColomboCesar Souza Jr.Antonio CeronCarlito MerssJaison Cardoso e Roberto Carlos de Sousa. A divulgação estremeceu o meio político de Santa Catarina e provocou reações imediatas dos envolvidos. A reportagem do DC busca contato com os citados para informações sobre doações que tenham recebido. 
Mencionado como agraciado pela empreiteira com R$ 4,8 milhões divididos em três repasses, Colombo foi defendido em nota do governo estadual que desmente todas as insinuações. Entre outros pontos, o comunicado ressalta que "os valores e a forma da suposta transferência são ainda fruto de divulgação fracionada que carecem de fundamentação, o que será aguardado pela autoridade pública estadual para posicionamento definitivo sobre quem possa ter dado causa a esses fatos, se verdadeiros".
O prefeito Cesar Sousa Jr., que aparece junto ao número "100,00", refutou qualquer vínculo com a Odebrecht e atribuiu conotação política às planilhas
– Vejo uma lista lançada às vésperas do impeachment buscando claramente enlamear a oposição e citando pessoas que não tem nenhuma relação com a empresa, como é o meu caso – disse.
Associado a duas parcelas de "200,00" e uma de "100,00" e referido como "rei" na lista, o prefeito de NavegantesRoberto Carlos de Souza (PSDB), disse que não recebeu nenhuma doação da Odebrecht e a empreiteira nunca prestou serviços à prefeitura da cidade em sua gestão nem em administrações anteriores. 
prefeito de ImbitubaJaison Cardoso (PSDB), afirmou que se assustou quando viu seu nome na lista. Ex-integrante do governo anterior da cidade – foi secretário de Administração, de Infraestrutura e de Desenvolvimento Urbano e chefe de gabinete de Beto Martins (PSDB) –, ele está arrolado como beneficiário de três vezes de "100,00" e é chamado de "surfista". 
Candidato derrotado à prefeitura de Lages em 2012, o ex-deputado estadualAntonio Ceron (PSD), citado ao lado de "100,00", disse que irá esperar o desenrolar dos acontecimentos "para ver exatamente o que aconteceu". 
ex-prefeito de JoinvilleCarlito Merss (PT), também com "100,00", não foi localizado pela reportagem, mas se manifestou em uma rede social: 
"Os recursos recebidos de pessoas físicas e jurídicas nas campanhas eleitorais foram sempre de acordo com o previsto na legislação e as contas foram aprovadas pela justiça eleitoral. Os doadores estão identificados na prestação de contas e podem ser conferidos no site do TRE", escreveu. 
presidente estadual do PT, o ex-deputado federal Claudio Vignatti, também não foi encontrado para explicar por que a seção catarinense do partido aparece em uma tabela intitulada "proposta de pagamento de bônus em 06/09/2012" ao lado de R$ 100 mil.
Os documentos foram apreendidos por equipes da PF em dois endereços ligados a Benedicto Barbosa Jr. no Rio de Janeiro, nos bairros do Leblon e de Copacabana. Além das tabelas, há dezenas de bilhetes manuscritos, comprovantes bancários e textos impressos. Alguns dos bilhetes fazem menção a obras públicas, como a Linha 3 do Metrô do Rio. 
Um dos textos refere-se, de forma cifrada, às regras internas de funcionamento do cartel de empreiteiras da Lava Jato. O grupo é chamado de "Sport Club Unidos Venceremos". 
O juiz federal Sergio Moro liberou na terça-feira o acesso ao material apreendido com outros alvos da Acarajé. São públicos documentos recolhidos com Mônica Moura, mulher do publicitário João Santana, e com o doleiro Zwi Skornicki, entre outros.
Leia as últimas notícias sobre a Operação Lava-Jato  
Veja abaixo os contrapontos, que serão atualizados conforme os citados se manifestarem sobre o conteúdo da lista:
Santa Catarina e a Odebrecht
A relação da família Odebrechet com Santa Catarina começou ainda no século XIX. Patriarca do clã, o engenheiro alemão Emil Odebrecht emigrou para o Vale do Itajaí em 1856. Parte da família mudou-se então para o Nordeste, onde começou a trabalhar em obras de engenharia. Após um período de crise durante a Segunda Guerra Mundial, Norberto Odebrecht fundou a construtora. 
Em Santa Catarina, o grupo não possui contratos com o governo do Estado desde, pelo menos, 2009, segundo os dados disponíveis no Portal da Transparência. A Odebrecht, no entanto, foi protagonista em várias obras importantes para a infraestrutura do Estado, como a Ponte Colombo Salles, a Hidrelétrica de Itá, a duplicação do trecho da Grande Florianópolis da BR-101 e a Via Expressa Sul, em Florianópolis. 
O único contrato em vigor hoje no Estado é com a prefeitura de Blumenau, por meio da Odebrecht Ambiental, que tem a concessão para os serviços de coleta e tratamento de esgoto da cidade.
Fonte:dc.clicrbs

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