Os catarinenses mudaram seus comportamentos diante do medo da violência. Essa é uma das constatações da pesquisa sobre percepção de segurança da população de Santa Catarina feita pelo Focus, projeto de extensão da Universidade Regional de Blumenau (Furb), com tema sugerido pelos veículos da RBS SC. As entrevistas foram feitas por telefone entre 3 e 31 de outubro deste ano nas 20 maiores cidades do Estado. Os resultados apontam, entre outros índices, fragilidades que podem direcionar melhorias na área (veja parte da pesquisa no gráfico abaixo).
Dentre as respostas dadas pelos catarinenses está que 62,4% das 1.097 pessoas ouvidas adaptaram suas rotinas diante da percepção de insegurança. Neste dado, é perceptível que, quanto maior a faixa de renda, mais há medo. Dos entrevistados com renda familiar menor do que R$ 3,5 mil, 59,2% disseram que o medo influencia no seu dia a dia.
Esse número sobe para 67,3% entre quem tem salário somado maior que R$ 8,8 mil. As 685 pessoas que afirmaram ter mudado seus comportamentos apontaram 1,1 mil tipos de reação. A maior delas, que representa 51,5%, foi a de evitar andar nas ruas à noite ou em outros horários impróprios, seguido por reforço na segurança da casa, com 43,4%, e evitar andar em determinados lugares, 42,3%.
Os resultados acima se reproduzem na sensação de insegurança da população catarinense. A maioria, 57,1%, se diz muito insegura ou insegura em sua cidade. Esse índice cai para quando a pergunta é sobre como ela se sente no seu bairro, em 48,4% escolheram pelas duas opções.
Já em suas casas, os entrevistados estão 22,9% muito inseguros ou inseguros, enquanto 76,% se sentem seguros ou muito seguros, o que representa uma sensação maior de segurança dos catarinenses quando eles estão em suas moradias. Essa alteração de resultados entre os ambientes chamou a atenção da professora Fabrícia Durieux Zucco, uma das responsáveis pela coordenação da pesquisa:
— Essa pergunta que avaliou a sensação de segurança em casa, no bairro e na cidade apontou sentimentos divergentes para sobre a mesma temática.
Para os catarinenses ouvidos, o crime que mais preocupa é o assalto. A maioria, 72,1%, disse que se sente muitos inseguro ou inseguro em relação a esse tipo de crime. Depois, as ações de traficantes vêm em segundo lugares com maior preocupação, 69,2%. O terceiro mais preocupante, com 67,3%, é o vandalismo.
A pesquisa faz parte da campanha Segurança SC - Essa causa é nossa, e terá os resultados apresentados até o final de semana.
Um a cada cinco catarinenses foi vítima de crimes em SC
A pesquisa mapeou o índice de crimes sofridos em Santa Catarina pelos entrevistados. As pessoas que disseram ter sido vítimas no último ano representam 8,3%, enquanto os que passaram por algum tipo de violência nos outros anos foi de 13,5%. Somados os dois índices, são 21,8%, o que indica que um a cada cinco catarinenses foi vítima de crimes no Estado. O crime mais citado pelas 239 pessoas que sofreram violências foi o furto ou roubo em residência, seguido por furto ou roubo de carro, furto ou roubo de celular e agressão física ou verbal.
Mesmo com a alta sensação de insegurança, mudança nas rotinas e a violência atingido boa parte da população catarinenses, os entrevistados afirmaram em maior parte que acham Santa Catarina mais segura que outros Estados brasileiros. Das pessoas ouvidas, 22,2% disseram que SC é mais segura que todos os outros, 58,5% que é mais segura que a maioria, 8,7% igual aos outros, 5,1% menos segura que a maioria, 0,8% menos que segura que todos e 4,7% não souberam dizer.
O especialista em criminologia Alceu de Oliveira Pinto Junior afirma que essa resposta positiva do catarinense se reflete pela fama do Estado e pelos números que o apresentam com menor violência direta. Por outro lado, o professor observou que no índice das pessoas que disseram ter alterado suas rotinas, a maioria falou que reforçou a segurança pessoal e não participou de ações comunitárias. Na pesquisa, somente 1% disse que passou a fazer parte de grupos de vizinhos:
— Quando a insegurança bate na porta a pessoa toma providência, mas os quesitos respondidos foram pela defesa pessoal. As pessoas pensam mais nisso do que na questão social e não participando ativamente.
O especialista ainda aponta que o fato de as pessoas se sentirem mais seguras em casa reflete uma sensação de pertencimento:
— A sensação de pertencimento a um determinado grupo reflete nisso, porque seja no bairro ou em casa ela imagina que nada pode acontecer por entender que está num local seguro, o que é uma realidade, pois não há criminalização.
Fonte: DIÁRIO CATARINENS
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