terça-feira, 13 de junho de 2017

RODOVIAS DA REGIÃO: No meio dos buracos havia asfalto



Entre os anos de 2013 e 2017 a reportagem do Jornal O Líder perdeu as contas de quantas reportagens falaram sobre as condições de precariedade das rodovias da nossa região, principalmente da BR-163 no trecho entre São Miguel do Oeste e Dionísio Cerqueira. Em 2014, a nossa equipe de reportagem conversou com os moradores mais afetados pelas obras de revitalização da BR-163, preocupados com as obras da rodovia que chegavam a poucos metros da porta de casa. 
A situação no local era de incerteza. As famílias estavam apreensivas com a possibilidade de terem que deixar suas casas sem uma negociação antecipada com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Era a novela das indenizações, no entanto, as obras estavam andando e tudo levava a crer que seguiria assim. Era um apelo antigo da comunidade, sendo atendido, finalmente. No entanto, meses mais tarde, a empresa vencedora da licitação de revitalização da rodovia –Sul Catarinense - decidiu pela diminuição do pessoal, e por fim, após um recesso de fim de ano e férias coletivas, não retomou as obras.
De lá pra cá, muita coisa aconteceu. Ou, dependendo do ponto de vista, quase nada aconteceu. Teve PRF tapando buracos por conta, teve buraco sinalizado e dezenas e dezenas de motoristas trocando pneus às margens da rodovia ou com amargando prejuízos na mecânica dos veículos. Quem saiu ganhando foram os estabelecimentos comerciais do segmento que viram os lucros aumentar nesse período. 
Passados quase três anos, as placas ao longo da rodovia BR-163 ainda indicam que há trabalhadores e máquinas na pista, mas a obra que deveria ter sido entregue em maio de 2015 ainda está parada. A precariedade, como já é de se esperar, é um tecla frequentemente batida pelos motoristas que trafegam diariamente e até mesmo por aqueles que estão de passagem pela região. 
Dímitri Abdalla é de São Miguel do Oeste, mas, trabalha na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Barracão, no Paraná. A cidade paranaense fica distante cerca de 50 quilômetros de São Miguel do Oeste e o trecho era comumente percorrido em 45 minutos ou, no máximo, uma hora. Agora, no entanto, é preciso pelo menos uma hora e meia de viagem para chegar em segurança no trabalho. 
E entre um e outro buraco, o prejuízo não demora a chegar, principalmente pra quem percorre o mesmo trecho quatro dias por semana. “Em um ano e meio já furei seis pneus e tive nove rodas tortas sem contar com outras manutenções devido a má conservação da estrada. Fica difícil com neblina, e outros veículos tendo que invadir a pista pra poder desviar de crateras. A estrada está muito perigosa”, relata. 
Nas últimas duas semanas a situação que já era precária piorou ainda mais. As fortes e incessantes chuvas de maio, somadas às do início deste mês, tornaram o trecho intransitável. “Já tinha alguns buracos, mas com a chuva os buracos que haviam sido tapados abriram. Tem que escolher em qual é melhor cair. Sem falar nos motoristas que não conhecem o trajeto, andam muito devagar e freiam ou param bruscamente pra não danificar o carro dificultando bastante”, destaca. 
A BR-163 tem pouco mais de 3.460 quilômetros de extensão e liga Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, a Santarém, no Pará. A rodovia integra o Sul ao Centro-Oeste e Norte do Brasil e é um dos principais corredores econômicos da região e dos estados do Sul. Por se tratar de um corredor importante para escoação da economia, milhares de veículos de pequeno e grande porte passam por dia pelo trecho. 
E o sentimento é unânime: preocupação. “Sinto que a região fica sempre esquecida e quem depende da estrada fica tenso, perde tempo, se estressa, gasta com manutenção do carro, fora as pessoas que nesses cinco anos sofreram acidentes. Será que precisa acontecer tragédias que tenham repercussão nacional pra alguém olhar pro nosso Extremo-oeste?”, questiona Abdalla. 
wh3

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