As montadoras que contam com filiais no Brasil triplicaram o envio de lucros e dividendos a suas matrizes no exterior. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo BC (Banco Central), foram R$ 232 milhões enviados para fora do País em 2017, quase três vezes mais que os R$ 86 milhões remetidos no ano anterior. É a primeira vez em quatro anos que cresce a transferência de dinheiro das filias brasileiras para suas matrizes, não por coincidência no mesmo ano em que a venda de veículos começou a se recuperar.
Em 2013, quando as montadoras ainda festejavam o recorde de vendas atingido no Brasil em 2012, o envio de lucros e dividendos ao exterior chegou a R$ 3,29 bilhões, uma expansão anual de 35%. O resultado foi impulsionado não só pelo bom momento do mercado, mas também pelo fato de novas marcas terem passado a produzir no Brasil, como a japonesa Nissan, a sulcoreana Hyundai e a chinesa Chery, atraídas por incentivos fiscais oferecidos pelo governo.
Daí em diante, a venda de veículos passou a despencar e as remessas das montadoras para suas matrizes começaram a minguar. O montante enviado ao exterior caía ano após ano e, em 2016, no pior momento da recessão econômica, chegou a R$ 86 milhões, apenas 2% do valor registrado em 2013. Se os recursos mandados para fora ficavam cada vez menores, subia o montante enviado pelas matrizes a suas filiais, de R$ 1,8 bilhão em 2013 para R$ 6,5 bilhões em 2016, tanto numa tentativa de socorrer financeiramente as suas unidades no Brasil quanto para prepará-las para quando a recuperação chegasse.
Com o mercado de veículos voltando a subir em 2017, a um ritmo de 9,2%, depois de quatro anos seguidos de queda, os sinais se inverteram. Enquanto os lucros e dividendos enviados ao exterior voltaram a crescer, os recursos trazidos ao Brasil caíram de R$ 6,5 bilhões em 2016 para R$ 3,9 bilhões no ano passado.
Os últimos balanços globais divulgados pelas montadoras dão uma pista do quanto a recuperação do mercado brasileiro tem ajudado os seus resultados. A GM, que lidera as vendas no Brasil, disse no seu relatório do terceiro trimestre de 2017 que a empresa voltou a registrar lucro na América do Sul, o primeiro em quase três anos, em razão de resultados melhores no Brasil, sem detalhar números.
A Volkswagen, que foi a marca que mais cresceu nas vendas no Brasil em 2017, comemorou em seu relatório do terceiro trimestre de 2017 que o país deixou a recessão para trás e comentou que boa parte da melhora verificada no ano passado se deveu a um aumento expressivo das exportações para a Argentina, mercado que experimentou forte crescimento no período.
Para este ano, as montadoras esperam encontrar um cenário ainda mais favorável. Com a expectativa de que os juros e o desemprego continuem caindo, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores prevê expansão de 11,8% para as vendas internas, de 13,2% para a produção e de 5% para as exportações.
osul
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