sexta-feira, 20 de julho de 2018

Dobraram as reclamações de compras no cartão de débito no País, segundo o Banco Central


O número de reclamações sobre irregularidades nos cartões de débito cresceu 116% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2017.
As queixas são relacionadas, principalmente, a compras não reconhecidas feitas com cartões roubados ou clonados. Casos de cobranças duplicadas também fazem parte das reclamações dos usuários, segundo levantamento do BC (Banco Central).
Desde janeiro, a instituição financeira recebeu 388 reclamações sobre complicações com a modalidade de pagamento. Nos seis meses do ano passado, foram 179.
Mesmo com a implementação de chip em todos os cartões, as pessoas que aplicam golpes dessa natureza têm conseguido burlar a tecnologia das máquinas. Além disso, há ainda a popularização dos aparelhos, o que facilita a ação dos criminosos.
Para o advogado Alexandre Berthe, especialista em direito do consumidor, esse aumento expressivo comprova que a tecnologia dos bancos ainda não é suficiente para proteger os clientes.
“As instituições financeiras falam que os ladrões roubam usando senha. Mas quando o usuário faz a denúncia, ele diz que não passou a informação para ninguém.
Segundo o especialista, o problema dessa situação é que, no Brasil, a demora é de três anos para o consumidor conseguir seu dinheiro de volta. “O sistema Judiciário falha na hora de amparar essa vítima”, afirma ele.
Outras reclamações
Apesar do aumento nas transações no débito, esse problema está em 11º lugar no levantamento do BC.
Na liderança estão as irregularidades de segurança, com 2.956 reclamações. Em seguida, estão as ofertas de serviços inadequadas (2.649) e, depois, os problemas com cartões de crédito (2.417).
Dinheiro em espécie
Mesmo com tanta tecnologia nova, o brasileiro continua apegado ao dinheiro. O papel moeda ainda é o meio de pagamento mais utilizado no País. De acordo com uma pesquisa feita pelo BC, 96,1% das pessoas dizem utilizar o dinheiro em espécie para fazer pagamentos e compras em algum momento, apesar de usarem outros meios. E 60% dizem preferir efetivamente o papel moeda para fazer suas transações.
Apesar de alto, o número é menor que o apresentado em 2013, última vez em que o levantamento foi feito. Naquela época, 100% da população brasileira dizia usar o dinheiro em algum momento. Para o Banco Central, a preferência pelo dinheiro expõe um comportamento cultural. E cita que o mesmo acontece em outros países, mesmo que mais ricos, como a Alemanha.
“É muito uma questão cultural. Temos dois outros países ricos europeus tem comportamentos distintos. A Suécia praticamente não usa dinheiro. A Alemanha, por outro lado, usa muito. É muito da cultura do pais. Não existe um padrão ótimo. A gente sempre tenta atender a demanda da população nesse sentido”, afirmou o chefe adjunto do departamento de meio circulante, Fábio Pollmann.
Além do quesito cultural, o Banco Central chama a atenção para o fato de que quase um terço dos brasileiros, 29%, ainda recebe o salário em espécie.
Apenas 46% dos entrevistados dizem usar o cartão de crédito em algum momento. Ou seja, mais da metade da população não utiliza esse tipo de pagamento em sua vida. E 52% usam o débito para pagamentos e compras.
Quanto menor a conta, mais o dinheiro vivo é utilizado. O levantamento mostrou que, para compras de até dez reais, 87,9% preferem pagar em dinheiro. Quanto mais o pagamento cresce, mais o brasileiro recorre ao cartão de crédito. Para desembolsos de mais de R$ 500,00, a maior parte (42,6%) prefere passar o plástico e pagar no mês seguinte.
A forma de recebimento mais comum no comércio é o dinheiro vivo, 52%. Apesar disso, esse número apresentou um leve recuo desde 2013, quando representava 57% das transações. Aos poucos, essa modalidade tem dado espaço ao cartão de crédito, que cresceu de 4% para 15%. O cartão de crédito apresentou um recuo, de 35% para 31%.
osul

Nenhum comentário:

Postar um comentário