A Câmara dos Deputados terá, no ano que vem, mais do que o dobro de representantes militares do que tinha em 2014. No domingo (07), foram eleitos ao menos 22 candidatos com algum vínculo militar.
Entre os escolhidos pela população estão dois generais da reserva. Há também três coronéis e dois capitães. Treze deles são do PSL, partido de Jair Bolsonaro, candidato a presidente que disputa o segundo turno com o petista Fernando Haddad.
O levantamento, feito pelo jornal Folha de S.Paulo, considerou a ocupação declarada pelos candidatos, identificados como “policial militar”, “bombeiro militar”, “militar reformado” ou “membro das Forças Armadas”. Há ainda aqueles que foram localizados por terem colocado nome na urna com uma patente da hierarquia militar, como “capitão”, “sargento”, “cabo”, “major” ou “tenente”.
Em 2014, seguindo esse mesmo critério, foram eleitos dez deputados federais. Desde o início deste ano, membros das Forças Armadas se reuniram com o objetivo de começar um movimento para conquistar vagas no Congresso – cerca de 30 se candidataram à Câmara.
Pelo menos 360 militares concorreram ao cargo de deputado federal. Para o general da reserva Augusto Heleno, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, a eleição dos dois generais – que chamou de “pouco comum” – mostra que o “ranço” contra militares diminuiu.
“Significa que hoje diminuiu o ranço contra os militares. O afastamento do regime militar foi diminuindo esse preconceito. O fato de as Forças Armadas terem um alto grau de credibilidade favorece essa intenção de se candidatar”, afirmou.
Heleno disse não acreditar se tratar de uma onda conservadora, mas que é importante o Congresso ter representantes de “todos os lados”. “Não é uma onda conservadora. Essa história de não aceitar outras posturas, outras ideologias, e principalmente não aceitar alternância de poder, é um problema sério.”
Para o Senado, Major Olímpio (PSL-SP) foi eleito. “A história do regime militar foi contada de um lado só, incrivelmente do lado dos vencidos. Normalmente, quem conta a história são os vencedores, no caso do regime militar foram os vencidos. Existe uma outra história, que um dia vai ser contada, para se buscar um equilíbrio”, completou Heleno.
Segundo turno
Desde 1989, na primeira eleição desde o processo de redemocratização do País, o eleitor brasileiro não viu viradas no segundo turno quando se trata de eleição presidencial. Foram cinco embates como o que veremos agora entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.
Na primeira vez, o eleito foi Fernando Collor, pelo PRN. Após triunfar no primeiro turno, com 30,48% dos votos, ele venceu também o segundo, com 53,03%, em disputa com Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que conseguiu, respectivamente, 17,19% e 46,97%.
Em 1994 e 1998, nem mesmo houve segundo turno, já que Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, venceu os dois pleitos presidenciais na primeira votação, com 55,22% (1994) e 53,06% (1998) dos votos.
Já em 2002, após ter ficado nas três eleições anteriores em segundo lugar, foi a vez de Lula triunfar, tanto no primeiro quanto no segundo turno, tendo conquistado 46,44% e 61,27% dos votos. Ele derrotou José Serra, do PSDB, que ficou com 23,20% e 38,73%, respectivamente.
Em 2006, após um primeiro turno acirrado, em que Lula liderou com 48,61% e foi seguido por Geraldo Alckmin, do PSDB, com 41,64%, a vitória no segundo turno ficou com o petista, com 60,83% contra 39,17% do peessedebista.
Na eleição seguinte, em 2010, a chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (então PMDB, atual MDB) obteve 46,91% no primeiro turno e 56,05% no segundo, batendo José Serra e Indio da Costa, que somaram 32,61% e 43,95%. Por fim, em 2014, Dilma também liderou os dois turnos da corrida presidencial, com 41,59% e 51,64%, contra 33,55% e 48,36% de Aécio Neves.
osul
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