Há um mercado ilegal, clandestino, que movimenta em paralelo uma rede de crimes em Santa Catarina. De brinquedo a cigarro, polietileno, matéria prima para a indústria, bobina de aço, celulares a alimentos.
No começo do ano, a Polícia Civil criou em Santa Catarina uma divisão para combater o furto e o roubo de cargas. Havia uma pressão de anos de empresários. Resultado: menos de 12 meses depois, quase que semanalmente há apreensões e prisões.
A Operação Torre de Babel, surgida no Distrito Federal e com ramificações em sete Estados, teve o Norte catarinense como principal alvo. No esquema interestadual, 18 pessoas foram presas em Santa Catarina e levadas a Brasília em um avião Hércules da Força Aérea. O bando atuava até com o tráfico de drogas, concretizando troca-troca de mercadorias por entorpecentes.
Falsas comunicações de crimes
A principal constatação da Deic: a maior parte dos crimes relatados nas estradas na verdade não acontece. São falsas comunicações. Motoristas integram quadrilhas que providenciam desvios dos valorosos produtos.
Levados até São Paulo ou Rio, os condutores registravam boletim de ocorrência por lá. Contavam com a corrupção de quatro policiais civis paulistas presos que retardavam o envio das queixas a Santa Catarina. Recentemente, o dono de um supermercado de Itajaí foi preso comercializando carga desviada de frango.
– Santa Catarina está sendo pioneira em botar a boca nisso. Temos essa constatação desde o ano passado. Boa parte das ocorrências são falsas, acaba lesando todo mundo: a logística da segurança, as seguradoras, os donos das cargas, a sonegação de impostos... – lamenta o diretor da Deic, Anselmo Cruz.
Golpe do chute nos anos 2000
No começo dos anos 2000, o Estado também figurou nacionalmente por crimes semelhantes. Empresários eram persuadidos a vir a Santa Catarina para conferir cargas com preços irrecusáveis e a promessa de um bom negócio.
Por telefone, o falso vendedor oferecia produtos ou carregamentos (na verdade fictícios) como máquinas agrícolas, arroz, milho, cobre. O preço era abaixo ao de mercado. Ao chegar, no aeroporto, o cliente era levado a uma casa, na realidade um cativeiro. A vítima então era obrigada a autorizar pagamento. Um verdadeiro sequestro conhecido como “golpe do chute”.
A Deic fez dezenas de prisões comandadas pelo falecido delegado Renato Hendges, o Renatão. Os criminosos pegaram cadeias pesadas.
Máfia dos celulares
Uma outra máfia atua no Estado, no ramo de celulares furtados e roubados. Houve buscas e apreensões contra um grupo que atua na região do Mercado Público, na Capital. A apuração ainda está em andamento. Como diz o velho ditado: o barato pode custar muito caro.
nsc
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