Catarinenses deverão adiantar os relógios em uma hora neste domingo, dia 15, quando começa oficialmente o horário de verão. A mudança nos ponteiros segue até o dia 17 de fevereiro. Além de Santa Catarina, a medida vale para outros nove Estados e Distrito Federal.
O gerente do Departamento de Comercialização da Celesc, Gustavo Rocha, explica que nos últimos anos o horário de verão tem representado uma redução de quase 5% no consumo de energia nos horários de pico em Santa Catarina. Nas regiões do país em que a mudança é adotada foi registrada uma economia de 0,5% no consumo de energia, em todo o período do horário de verão. Isso corresponde ao consumo mensal de energia de uma cidade com 2,8 milhões de habitantes, como Brasília, por exemplo.
Neste ano, estudos realizados pelo Ministério de Minas e Energia apontaram que a adoção da hora adiantada na época mais quente do ano não resulta mais em economia de energia, e que não há relação direta com a redução de consumo e demanda. Essa questão levou o governo a discutir o cancelamento do horário de verão neste ano, mas a falta de tempo hábil para fazer uma consulta à população sobre o assunto adiou a decisão.
Adiantamento dos relógios é adotado anualmente desde 1985
De acordo com autoridades do setor elétrico, a manutenção do horário de verão é considerada uma "questão cultural". Isso se deve principalmente à popularização dos aparelhos de ar-condicionado, já que os relatórios apontam que a temperatura é o que mais influencia os hábitos do consumidor, e não a incidência da luz durante o dia. Segundo o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o pico de demanda atualmente ocorre no início da tarde, entre 14h e 15h, quando a temperatura está mais alta.
No passado, o horário de maior consumo de energia era registrado entre 17h e 20h, quando os trabalhadores retornavam para casa e tomavam banho. Para dar mais folga e segurança ao sistema, adiantar os relógios em uma hora permitia, por exemplo, atrasar o acionamento da iluminação pública nas ruas – o que reduz custos do sistema elétrico. A economia de energia nesse horário ainda ocorre atualmente, mas é menor do que o aumento do consumo verificado durante as madrugadas por causa do uso do ar-condicionado entre meia-noite e 7h.
A primeira vez que o país adotou o horário de verão foi em 1931, mas desde 1985, ele foi aplicado todos os anos. No ano passado, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, o horário de verão durou 126 dias e gerou uma economia de R$ 159,5 milhões ao sistema, ao reduzir o acionamento de usinas termoelétricas. No entanto, o custo é considerado irrelevante para o setor. O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse que, para o governo, a aplicação do horário de verão se aproxima da neutralidade. Em contrapartida, ele afirma que, para a sociedade, para o trânsito e para a vida das pessoas, a impressão é de que a alteração traz mais benefícios.
Ganhos para a população
Diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, destaca que o horário de verão não serve para reduzir o consumo de energia, mas sim para diminuir a concentração da carga nos horários de pico – hoje, há diminuição de 4% nesse período. Segundo Barata, a mudança traz ganhos inegáveis para o setor de turismo e para a população. Ele defende que a adoção do horário de verão ultrapassa as decisões do setor elétrico.
Nos países desenvolvidos, o horário de verão é mais extenso do que no Brasil. Na Europa, vigora de março a outubro; nos Estados Unidos, México e Canadá, de março a novembro.
– Isso é algo além, que entrou na cultura dos países. Na maioria dos países desenvolvidos, existe horário de verão ou inverno, ou até os dois. E nenhum deles faz isso por economia de energia. Quero crer que isso vale para o nosso país também. O que eu defendo é que essa decisão, de manter ou acabar com o horário de verão, não seja apenas do setor elétrico, mas do governo, do país – disse.
Adaptação ao horário de verão leva até sete dias
Segundo especialistas, a adaptação pode ser feita em um período de cinco a sete dias. Quem costuma sentir os efeitos da mudança de horário no organismo deve começar a se preparar desde já, adiantando gradualmente a hora de dormir.
As consequências da mudança de horário no organismo podem ir desde mal-estar, dificuldades para dormir, sonolência diurna e até alterações de apetite. Segundo o médico, é preciso tomar alguns cuidados nos dias seguintes à mudança de horário, como evitar dirigir distâncias longas.
Os idosos e as crianças, por terem uma necessidade maior de sono e de rotina, podem sentir mais os efeitos da mudança de horário. Uma dica para melhorar a adaptação é dormir com a janela aberta, para que a luminosidade natural ajude a despertar mais cedo.
clicrbs
Nenhum comentário:
Postar um comentário