Um adesivo com a frase “O grande acordo nacional” foi colado em uma placa turística em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta segunda-feira (16). O novo letreiro também fazia referência a crimes supostamente praticados pelos parlamentares, como “formação de quadrilha” e “corrupção ativa”.
A placa do Museu da República – que também fica na Esplanada dos Ministérios, a cerca de 1 km do Congresso – foi trocada pelas frases “A arte é o que resiste. Censura nunca mais!”. No início da tarde, os adesivos foram retirados, e as placas voltaram a exibir os textos originais.
Até a publicação desta reportagem, o autor do protesto ainda não havia sido identificado.
Citação de áudios
A frase sobre “o grande acordo nacional” faz referência a uma conversa gravada entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No áudio divulgado em maio de 2016, Jucá fala em um “acordo” para “botar o Michel”, durante um bate-papo sobre o impeachment de Dilma Rousseff.
Durante a conversa, o senador de Roraima também sugere que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela operação Lava-Jato. Jucá foi um dos dos principais articuladores do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A gravação
Gravados de forma oculta, os diálogos entre Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As conversas somam 1h15min.
Machado teria passado a procurar líderes do PMDB porque temia que as apurações contra ele fossem enviadas de Brasília, onde tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal), para a vara do juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Em um dos trechos, Machado disse a Jucá: “O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. […] Ele acha que eu sou o caixa de vocês”.
Na visão de Machado, o envio do seu caso para Curitiba seria uma estratégia para que ele fizesse uma delação e incriminasse líderes do PMDB.
Machado fez uma ameaça velada e pediu que fosse montada uma “estrutura” para protegê-lo: “Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu ‘desça’? Se eu ‘descer’…”.
Mais adiante, ele voltou a dizer: “Então eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída”.
Machado disse que novas delações na Lava-Jato não deixariam “pedra sobre pedra”. Jucá concordou que o caso de Machado “não pode ficar na mão desse [Moro]”.
O atual ministro afirmou que seria necessária uma resposta política para evitar que o caso caísse nas mãos de Moro. “Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, diz Jucá, um dos articuladores do impeachment de Dilma. Machado respondeu que era necessária “uma coisa política e rápida”.
“Eu acho que a gente precisa articular uma ação política”, concordou Jucá, que orientou Machado a se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).
Machado quis saber se não poderia ser feita reunião conjunta. “Não pode”, disse Jucá, acrescentando que a ideia poderia ser mal interpretada.
Machado quis saber se não poderia ser feita reunião conjunta. “Não pode”, disse Jucá, acrescentando que a ideia poderia ser mal interpretada.
Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o Supremo, com tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É. Delimitava onde está, pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.
Confira o trecho
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
osul
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