sábado, 14 de outubro de 2017

Trio é preso suspeito de hackear e desviar dinheiro de contas do Banco do Brasil em Santa Catarina


A Justiça acatou a denúncia contra três homens apontados como integrantes de uma quadrilha especializada em fraudes bancárias em Santa Catarina. Em setembro, dois deles foram flagrados na saída de uma agência do Banco do Brasil, em Itajaí, com R$ 700 mil desviados de um pagamento judicial, segundo a polícia. A reportagem da NSC TV teve acesso a documentos e depoimentos que mostram como o esquema funcionava.
O crime foi descoberto e denunciado à polícia pelo setor de Inteligência do Banco do Brasil. Em depoimento, um funcionário disse que o esquema vem acontecendo também em outros Estados, principalmente São Paulo. O prejuízo já chega a R$ 13 milhões. Por nota, o banco disse que "que já recuperou 90% do dinheiro desviado pelos criminosos e que nenhum cliente foi prejudicado".
- As investigações estão indicando a conexão de pessoas no Estado de Santa Catarina e especialmente no Estado de São Paulo também - revela o delegado Raphael Werling, responsável pelo caso.
A fraude lembra até filme de espionagem. Com a ajuda de um funcionário terceirizado do banco, os bandidos conseguiram conectar um dispositivo ilegal em um cabo de rede da agência. O aparelho tem um modem que permite a conexão com um computador externo pela internet. A quadrilha então passa a ter acesso ao sistema de pagamentos judiciais do banco e altera os dados das contas que realmente deveriam receber o dinheiro por outras de pessoas cúmplices na fraude. Para fazer isso, é preciso ter uma senha que só alguns funcionários do banco tem. A polícia ainda investiga como os criminosos conseguiram isso.
Um dos homens flagrados na saída da agência em Itajaí foi o empresário Márcio Merfort, dono de uma imobiliária em Balneário Piçarras, no Litoral Norte. Comprovantes de resgate mostram que o dinheiro passou pela conta da imobiliária. A investigação apontou que, ao todo, foram um R$ 1,5 milhão desviado. 
— Colocaram o dinheiro na conta dele, que conseguia movimentar e fazer os saques dos valores. Porque uma imobiliária pode receber valores provenientes de transações imobiliárias lícitas. É natural que isso aconteça. Então eles deslumbraram uma oportunidade ali - disse Raphael
No dia do flagrante, a polícia também prendeu Alexandro Menon, apontado como um dos cabeças da quadrilha. Ele estava esperando no carro e seria o responsável por aliciar os empresários interessados em participar do esquema.
— No nosso entendimento, não há prova alguma de fraude. Eles acreditavam que esse valor era um valor correto que tinha sido depositado para a compra de imóveis aqui no litoral de Santa Catarina — disse o advogado Alexandre Ferreira, representante de Márcio e Alexandro.
No fim do mês passado, a polícia prendeu Jorge Luiz Krauel, funcionário terceirizado do banco. Ele era responsável por fazer manutenções técnicas na agência de Itajaí. A investigação diz que Jorge instalou o dispositivo na rede da agência que permitiu a fraude. Em depoimento obtido pela reportagem, ele conta como funcionava o aparelho que teria recebido de Márcio e Alexandro.
— É tipo uma fonte, liga na tomada e liga o cabo de rede nele. Na primeira vez, eles falaram que era pra fazer um teste pra ver se acessava o banco. Era um aparelho que tinha um modem para eles pra ver se eles conseguiam acessar remotamente. 
O cabo de rede foi retirado de uma impressora em manutenção. Jorge também disse que receberia R$ 10 mil pelo serviço e que não sabia que o dispositivo seria usado para desviar dinheiro do banco.
Os três homens presos vão responder por furto mediante fraude e associação criminosa. A pena pode chegar até 11 anos de prisão.
clicrbs

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