A perplexidade tomou conta de São Carlos após a morte do agricultor Neurivan Stein, 26 anos, atingido por um raio no final da tarde de segunda-feira na propriedade da família em linha Aguinhas, interior do município. Ele foi enterrado no final da tarde no cemitério da comunidade. Mais de 100 pessoas foram ao velório.
— É inexplicável, é muito azar — afirmou Dioníso Sander, que mora na comunidade vizinha.
Neurivan tinha ido plantar grama e, por volta das 17h, voltou para casa com a motocicleta, estacionou no pátio e foi lavar-se no tanque, que fica ao lado da área. Logo em seguida, um trovão foi ouvido em toda a comunidade, segundo relato dos moradores.
— Eu ouvi um estralo e parecia um fogo — disse a tia Marli Stein Watte, que mora a 500 metros da casa onde o sobrinho morava, com os pais, Élio e Madalena, e a irmã, Luana Stein. Luana estava em Chapecó estudando e os pais estavam na estrebaria, pois era horário de tirar leite.
Madalena foi quem encontrou o filho caído na área, ao lado de suas botas. Ela chamou o marido, vizinhos e a ambulância do Samu, mas não havia mais nada a fazer.
— Ficamos sem chão — disse a tia.
Os moradores da região ainda tentavam encontrar explicação para o raio ter atingido Neurivan. Não havia sinais no telhado ou nas árvores em volta da casa. Alguns atribuíram aos arames perto do tanque, que podem ter conduzido a descarga elétrica.
Ricardo Schwertz, morador da comunidade de Aguinhas, disse que é comum a ocorrência de raios na região e que há menos de 20 dias uma vaca morreu eletrocutada. Há seis meses, cerca de 10 suínos também morreram por causa de um raio no chiqueiro.
Tem morador apostando mais na fé do que na ciência, queimando ramos quando vem um temporal. Neurivan era conhecido como um rapaz que trabalhava inclusive em domingos e feriados. Tinha cerca de 60 vacas e já havia vencido concursos de animais e de produção leiteira.
— Ele sempre ajudou em casa e gostava de trabalhar com as vacas — lembrou Luís Klauck, que namora a irmã de Neurivan.
Ele chegou a cursar Contabilidade na Unopar de São Carlos, mas queria aplicar seus conhecimentos na propriedade da família. Tinha uma namorada há cerca de sete anos. Planejavam construir uma casa nova para a família. Para Neurivan, o sonho terminou com um temporal.
Fonte: Diário Catarinense
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